As brincadeiras mais emocionantes eram o jogo de “bolinha de gude”, o de “taco”, o “bafo”, o das “carteiras de cigarro”. Tinha ainda os jogos coletivos, como o de “Caçador”, “Vôlei” e “Futebol”, que eram disputados no meio da rua, algumas vezes interrompidos para dar passagem aos carros. Ruas estas que eram de chão batido e que às vezes a Prefeitura colocava brita (quase do tamanho de um ovo) para suavizar o barro após as chuvas. Essas britas foram, inclusive, responsáveis por muitas perdas de unhas dos pés e outros ferimentos durante as partidas de futebol. Essas atividades ocorriam por todos os cantos da cidade, bastando haver crianças, uma bola e uma rua para que a “brincadeira” começasse.
Naquele tempo, os carros andavam nessas ruas a uma velocidade de 20 ou 30 km por hora, hoje passam entre 60 e 80 km. Por mais inacreditável que possa parecer aos jovens de hoje, haviam casos em que o motorista esperava o término de um ponto, no caso de jogo de vôlei, para que déssemos passagem ao seu veículo. Será que hoje isto aconteceria?
Lembro que brincávamos de “bandido e mocinho” usando “armas” feitas de pedaços de galhos ou até mesmo simplesmente usando os dedos, e o bandido sempre “morria” e a polícia vencia. E havia “briga” para ser o policial da brincadeira, ser o bandido era quase que um castigo, e papel cabia quase sempre para o irmão mais novo ou o amigo mais fraco, sem voz ativa. Hoje, vemos crianças a partir de 10 anos de idade portando armas de verdade, numa “brincadeira” onde a morte não é de mentirinha e que, em alguns casos, existe a “briga” para ver quem vai ser o bandido e não o policial.
Fumar um simples cigarrinho, nem pensar. Quando muito “fumávamos” uns cigarros de chocolate que haviam naquela época ou fingíamos, usando alguns capins ou pequeno galhos. E hoje, crianças que mal saíram das fraldas, já fumam, cheiram e tomam dos mais variados tipos de drogas, sendo que muitas nem chegam à adolescência.
Fico imaginando como foi que chegamos nesse ponto e volto à realidade, concluindo que talvez tudo isso esteja ocorrendo por que já a alguns anos, adultos de nossa sociedade vem “brincando” de fazer política no Brasil, e o pior, “brincando” com a infância de nossas crianças. Mas eles não estão “brincando” sozinhos não, tem aqueles outros adultos que “brincam” de votar e se esquecem que o futuro de seus filhos está nas mãos de homens e mulheres que agem como crianças, ou seja, sem pensar, mudam de opinião de acordo com a “brincadeira” e tentam sempre jogar a culpa ou destinar os piores papeis para o irmão mais novo ou para o amigo mais fraco.
E é o que estamos vendo em todos os níveis de governo do país, onde a irresponsabilidade de nossos governantes tem conseguido acabar com nossa “brincadeira’ de ser feliz. Mas tenham cuidado, pois daqui a pouco o povo brasileiro pode não querer “brincar” mais.
Pedro Teixeira
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