quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O eleito e o eleitor. Será que Freud explica?

     Já ouvimos muito uma célebre frase que diz: existe razões que a própria razão desconhece. Pois é, como entender a razão pela qual uma pessoa se candidata a um cargo público, seja qual for, e consegue em pouco tempo perder toda a credibilidade conquistada na hora do voto? Ou então, como uma outra pessoa consegue esquecer um passado recente para esbravejar contra o presente? Vamos tentar explicar melhor essa dúvida.
O Eleito

     Durante um período, quatro anos ou mais, em uma cidade, um estado ou um país, a população sofre com o descaso total na saúde, segurança, educação e por aí afora, devido a uma administração muito aquém dos desejos dessa mesma população. Começa então os esboços de insatisfação, de críticas e denúncias contra os governantes.

     Com isso, surgem os salvadores. E, durante o período eleitoral, aparecem mil e uma propostas, soluções e medidas que irão mudar o rumo da história daquele povo sofrido. Se juntam ao povo para denunciar irregularidades, realizar passeatas, protestos... Os Salvadores da Pátria!

     Uma boa parcela da população, que está acuada mediante a situação crítica da sua cidade, estado ou país, resolve apostar nesse que surgiu como uma nova esperança, um novo horizonte, e o elege como vereador, prefeito, deputado, governador, senador e até mesmo como presidente do sua Pátria Amada Brasil!

     E aí vem a surpresa! Alguns daqueles que apostaram no Salvador começam a perceber que na verdade não houve muita mudança não, havendo casos, inclusive, até de piora na situação. Aí meu amigo, começam as justificativas: “meu antecessor (como essa palavra é usada) fez isso e não fez aquilo, com isso, devido as dívidas deixadas, não vamos poder realizar mais da metade do que tínhamos dito que faríamos.” Ou então: “a população tem de entender que teremos que aumentar alguns impostos e tomar algumas medidas impopulares para sanar as dívidas e retomar o crescimento”. Somente essas palavras já são ruins para os nossos ouvidos. Mas pior ainda é quando ouvimos essas palavras onde o tal “antecessor” era ele mesmo, reconhecendo assim que estava agindo totalmente errado até o presente momento. Mas quem vai pagar por esse erro é o povo e não aquele que errou.

     Às vezes, o eleito até tem boa vontade e é um sujeito bom, mas escolhe muito mal aqueles que irão lhe ajudar a tomar decisões, dando-lhes uma autonomia exagerada, e, quando percebe, o estrago já está feito. Mas isso não lhe tira a culpa, afinal essa pessoa aparentemente era de sua total confiança, pelo menos é nisso que acreditamos, caso contrário deixa margem para pensarmos que a escolha teve outros interesses. E é a í que mora o perigo, pois qual foram esses interesses? Em muitos casos essa é porta aberta para que a corrupção e o desvio de dinheiro público entrem para o governo, tirando da população o direito à uma saúde qualificada, uma segurança eficaz, uma educação de qualidade...

O Eleitor

     Esse é o personagem principal dessa história, afinal está nas mãos dele decidir quem é que vai tomar as decisões por ele nas esfera municipal, estadual ou nacional. E aí podemos dividi-los em categorias:

  • O “Do Contra”: para este eleitor, ninguém presta e não existe salvação. Na hora de eleição ele não comparece às urnas, vota em branco ou anula o voto, por acreditar que essa é a melhor forma de protesto. Mas é o primeiro a reclamar se alguma coisa vai mal. Numa eleição não existe, para qualquer cargo, apenas um ou dois candidatos. Será que na lista apresentada ninguém presta ou merece uma chance de provar que você está errado¿ Deixando de votar ou de votar certo, esse eleitor não está deixando de apoiar esse ou aquele candidato, está simplesmente prejudicando a si mesmo, pois pode estar dando chance para que alguém sem condições assuma um cargo e o represente, mesmo contra sua vontade.
  • O “Tô de Boa”: esse é aquele eleitor que vai votar pelo simples fato de ser obrigatório e escolhe o candidato que um amigo disse que é bom ou então no caminho até a urna junta um “santinho” no chão e dá o seu voto. Não tem opinião formada sobre política e acredita que as coisas vão se encaixar.
  • O “Fiel”: sendo bom ou ruim, para essa eleitor não importa, ele tem o seu candidato e é nele que ele vota.
  • O “Traidor”: durante a campanha eleitoral é fácil notá-lo junto a um candidato, vai nos comícios, jantas e até tenta convencer seus amigos de que aquele candidato é o ideal, mas no dia da eleição, vota em outro nome, por diversas razões.
  • O “Acomodado”: esse, apesar de ter o seu candidato e votar nele, deixa claro nas rodas de bate-papo: “eu vou votar no fulano, mas sei que ele não tem chance de ganhar, mas fiz a minha parte”.
  • O “Incrédulo”: esse é aquele que tem um candidato e que apesar de rádio, TV e imprensa em geral informar sobre provas de que o sujeito é desonesto, corrupto, entre tantos outros adjetivos, não acredita no que ouve e acha que isso é intriga da oposição.
  • O “Esquecido”: esse é o que mais se vê nas redes sociais. Normalmente ele ocupa as redes para falar mal dos que atualmente estão no poder, mas esquece que os que antes ocupavam os mesmos cargos fizeram igual ou pior quando tiveram chance. E até pode se tornar agressivo, tanto nas palavras quanto fisicamente, se alguém se opuser à sua opinião.
  • E, por último, temos o “Arrependido”: esse também costuma aparecer em rodas de amigos e redes sociais, comentando sobre estar arrependido de ter votado neste ou naquele candidato. Mas aí meu amigo, a “vaca já foi para o brejo”!
     Podem ainda existir muitos outros tipos de eleitores. Você mesmo pode ter um outro nome. Mas o mais importante nisso tudo é reconhecer que o maior culpado de muita coisa que acontece em nossa cidade, estado ou país, é só um: o eleitor. É ele que tem o poder de escolha, de decidir quem vai lhe representar. E essa escolha é feita principalmente na hora do voto. Depois não adianta espernear, reclamar ou falar mal do eleito, o mal já foi feito. Só nos resta agora ficar observando os mandos e os desmandos de pessoas que, aos poucos, se mostram totalmente incapazes de nos representar, de fazer alguma coisa por nós, a não ser por eles mesmos, pelo menos até as próximas eleições. Isso se não escolhermos errado novamente.

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